terça-feira, 17 de novembro de 2015

Modelo Três Camadas



“As escolas e as comunidades escolares precisam de conhecer as práticas que outras escolas desenvolvem, compreender e analisar os modos como trabalham e se organizam pedagógica e curricularmente e fazer deste conhecimento um conhecimento contextualizado e da sua gestão um recurso central que seja ele próprio usado como instrumento de governação.”
José Verdasca


O modelo das três camadas aplicado à educação é um modelo que pressupõe três níveis adicionais de intervenção, com intensidade crescente, para a inclusão e a promoção do sucesso educativo de todos e para todos.
Este modelo assenta numa forte base educativa numa perspetiva de intervenção precoce em que, ao primeiro sinal, são cumulativamente oferecidas intervenções educativas ao longo das três camadas, com níveis de intensidade crescente que vão sendo cada vez mais segmentadas e explícitas, diferindo pela duração, frequência, tamanho do grupo, foco do conteúdo e frequência da monitorização de progresso.



A primeira camada é constituída pela base curricular na qual o currículo do ensino geral é ministrado em contexto de sala de aula e em ambiente de aprendizagem favorável às diferentes necessidades dos alunos, pressupondo o uso de metodologias de diferenciação pedagógica através da aplicação das mais diversas estratégias de diferenciação ao encontro das capacidades e estilos de aprendizagem de todas as crianças do grupo/turma.
Sendo esta primeira camada a base de todas as estratégias e intervenções que possam vir a ser formuladas esta deverá servir eficazmente a grande maioria dos alunos por isso quando mais de 20% dos alunos revelarem necessidade de intervenções suplementares ou intensivas individuais os professores deverão equacionar a reformulação da base, uma vez que o modelo das três camadas tem como indicador que quando menos de 80% dos alunos não consegue ter sucesso a estratégia utilizada poderá não ser a mais adequada.
A segunda camada é constituída pelas intervenções suplementares aos alunos que, em consequência das avaliações efetuadas, são referenciados por estarem em risco de não conseguirem sozinhos acompanhar o currículo base. Estas intervenções equacionam-se e aplicam-se o mais rapidamente possível, em pequeno grupo, focadas nas necessidades registadas até que se verifique que as dificuldades inicialmente descritas foram ultrapassadas, tendo por base os resultados da monitorização de progresso do desempenho dos alunos.
A terceira camada é constituída pelas intervenções intensivas individuais aos alunos identificados em situação de alto risco ocorrendo, preferencialmente, de modo individual com o objetivo de acelerar a taxa de aprendizagem pelo aumento da intensidade da intervenção em adição ao currículo de base. A monitorização também é mais frequente com recurso a avaliações suplementares específicas para isolar os défices e guiar o desenho da intervenção.
No modelo das três camadas a educação especial não é vista como um sistema à parte mas antes como um sistema integrado na primeira camada, ao nível da base curricular, enquadrado nas necessidades muito específicas destes alunos, no entanto a educação especial também pode ser encarada como uma quarta camada quando um aluno não consegue responder positivamente às intervenções oferecidas ao longo das três camadas.




Em contexto de prestação de serviços dentro da escola tanto na vertente académica como na vertente comportamental, o modelo das três camadas pode ser aplicado tendo por base recursos de intervenção. Para o sistema académico existe o modelo RTI - Response to Intervention (resposta à intervenção) que identifica precocemente alunos com necessidades de aprendizagem que, não conseguindo acompanhar o desenvolvimento do grupo, necessitam de intervenções mais específicas.
Para o sistema comportamental existe o modelo RtlB - Resource teacher: learning and Behavior (recurso do professor: aprendizagem e comportamento) que, como recurso para alunos com dificuldades de comportamento, pretende prevenir comportamentos inapropriados e simultaneamente ensinar e reforçar comportamentos adequados dando resposta às necessidades dos alunos e das famílias.
Por fim mas não menos importante realça-se a necessidade de fidelidade do sistema que essencialmente se define por pensar em que grau ocorreu a implementação de acordo como foi desenhada, pensada e intencionada, relativamente ao modo como foi entregue, ao modo como foi realizada a triagem, ao modo como foram implementadas as intervenções e ao modo como foram monitorizados os processos. Em resumo é a necessidade de garantir que, ao longo das várias camadas, os processos são implementados e entregues conforme foram pensados.
Para que o modelo funcione é necessário que haja capacitação de todos os envolvidos na sua aplicação paralelamente a uma forte comunicação, principalmente os professores com os pais, com os diretores, com os técnicos e com os auxiliares da educação, para que todos compreendam a natureza do modelo e colaborem para o seu sucesso em interação com os alunos a quem se destina.

Mais informações:

Sem comentários:

Enviar um comentário